Os principais impactos das novas tecnologias de imagem na Odontologia”.

1. Utilizando de forma responsável as novas tecnologias de imagem na Odontologia Autores Nos últimos 10 anos, a Radiologia Odontológica possibilitou aos profissionais diversos recursos por meio de sua evolução. A especialidade tem como objetivo auxiliar o estabelecimento do diag- nóstico, colaborar no plano de tratamento, orientar e acompanhar qualquer manobra terapêutica. Com o desenvolvimento da tecnologia da informação aprimoram-se diversos métodos de imagem, os quais pos- suem vantagens substanciais sobre os métodos convencionais. Vale lembrar que a radiografia sempre será um exame complementar, independente da técnica aplicada nenhuma imagem será conclusiva no diagnóstico, ela será sempre sugestiva. Dentre estes novos métodos a tecnologia da radiografia digital (RD) e a Tomografia Computadorizada de Feixe Cônico (TCFC) ou cone beam representam um grande avanço na especialidade potencializando o papel da imagem no processo de diagnóstico com recursos indisponíveis em técnicas convencionais. Dentre os benefícios, destacam-se a significativa redução da dose de radiação bem como a eliminação do processamento químico reduzindo o dano biológico e o impacto no meio ambiente respectivamente. Atualmente, observamos diariamente em notícias de jornais e revistas leigas, alertas cada vez mais constantes, sobre a utilização imprudente de radiação ionizante nas mais diversas áreas da saúde. Em virtude destes fatos, a união europeia criou um projeto denominado SEDENTEXCT com o objetivo de aumentar a segurança e eficiência no uso da TCFC bem como no campo da radiologia odontológica. As diretrizes podem ser encontradas no seguinte website: http://www.sedentexct.eu. Vale ressaltar que embora essas diretrizes estejam em vigência apenas em países da união europeia, é recomendável aos profissionais especialistas em Imaginologia e de todas as especialidades odontológicas que consultem e apliquem o conhecimento dessas novas normas. De qualquer forma cabe ao profissional selecionar a técnica mais adequada e a Dr. Eduardo Felippe Duailibi Neto Dr. Michel Lipiec Dr. Jorge Hayek Dr. Israel Chilvarquer Mestre e Doutorando pela Faculdade de Odontologia da USP Professor Associado de Radiologia da FOUSP. Professor Responsável pelo Curso de Especialização em Radiologia da EAP/ APCD – Jardim Paulista. Especialista, Mestre e Doutor pela Faculdade de Odontologia da USP.  Professor do Curso de Especialização em Radiologia e Imaginologia da EAP/APCD – Jardim Paulista Especialista em Imaginologia e Radiologia pela FOB-USP. Professor do Curso de Especialização em Radiologia e Imaginologia da EAP/APCD – Jardim Paulista

2. Referências SEDENTEXCT http://www.sedentexct.eu Ludlow JB, Ivanovic M. Comparative dosimetry of dental CBCT devices and 64-slice CT for oral and maxillofacial radiology. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. 2008;106:106-14   Pauwels R, Beinsberger J, Collaert B, Theodorakou C, Rogers J, Walker A, Cockmartin L, Bosmans H, Jacobs R, Bogaerts R, Horner K; SEDENTEXCT Project Consortium. Effective dose range for dental cone beam computed tomography scanners.Eur J Radiol. 2012 Feb; 81(2):267-71 Okano T, Harata Y, Sugihara Y, Sakaino R, Tsuchida R, Iwai K, Seki K, Araki K. Absorbed and effective doses from cone beam volumetric imaging for implant planning.Dentomaxillofac Radiol. 2009 Feb;38(2):79-85   utilização de aventais plumbíferos e pro- tetores de Tireóide a fim de reduzir ao mínimo a absorção de radiação do nosso paciente. O primeiro princípio para a indicação consiste em analisar o indivíduo de forma única de tal forma que os benefícios do exame superem os riscos deletérios da exposição aos raios-X. O segundo princípio consiste em solicitar o exame de forma clara, elucidando sempre o motivo do exame, bem como informações clínicas que possam auxiliar o radiologista. Já o terceiro princípio consiste em nunca utilizar a TCFC como exame de rotina, sua indicação sempre deve estar respaldada em uma indicação clínica de modo que possa auxiliar no tratamento do paciente. A tabela 1 indica o risco de dano biológico em relação a faixas etárias. A tabela 2 indica os valores médios da dose de radiação emitida de acordo com a técnica. Tabela 1 Tabela 2 Modernamente, possuímos aparelhos que realizam exposições de Pequeno, Médio e Grande Volume. Esta propriedade limita a área de observação do exame tomográfico, como consequência tem-se a redução da dose de radiação absorvida pelo paciente e um aumento da resolução espacial do exame. A figura representa um exame de campo de visão em A pequeno Volume, Em B e C médio Volume e em D o grande Volume. Note a diferença de área exposta aos órgãos críticos, no grande Volume em comparação a um exame de campo de visão pequeno Volume. Em conclusão temos que estar prontos para realizar o uso destas novas tecnologias de forma racional e responsável. Os especialistas sabem que as técnicas de imagem comumente utilizadas na Odontologia, genericamente, possuem doses extremamente pequenas de radiação. Mesmo assim, hoje dispomos de tecnologia para minimizarmos ainda mais os possíveis danos oriundos das radiações ionizantes na rotina odontológica. O uso cada vez maior das Técnicas Digitais com colimadores automáticos geram campos de visão cada vez mais limitados à área de interesse, diminuindo a exposição desnecessária ao nosso paciente.

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Cavidade Idiopática de Stafne

Cavidade Idiopática de Stafne

Relato de caso

Autores:

Israel Chilvarquer, Eduardo Felippe Duailibi Neto, Lilian Waitman Chilvarquer, Jorge Elie Hayek e Michel Lipiec.

1. Cavidade Idiopática de Stafne Autores Israel Chilvarquer, Eduardo Felippe Duailibi Neto, Lilian Waitman Chilvarquer, Jorge Elie Hayek e Michel Lipiec. Agradecimentos Os autores agradecem a Drª Vania Kyriakos, pela oportunidade de apresentar esse caso tão didático. O presente relato clínico consiste em uma imagem de um paciente do sexo masculino com 94 anos de idade cronológica que procurou o serviço de radiologia, para a análise topográfica para a possível instalação de implantes osseo integráveis, além dessa indicação, foi observada na radiografia panorâmica uma extensa área osteolítica localizada na região apical do elemento 47 e sugestiva de lesão endodôntica. A presente lesão consistia em uma rarefação óssea de limites definidos de formato elíptico com 2cm de extensão. A possível alteração patológica localiza-se em corpo de mandíbula do lado direito em contiguidade com a porção apical do elemento 47. O elemento 47 apresentava tratamento endodôntico, o que gerou dúvida a respeito da etiologia da suposta lesão, motivou uma análise minuciosa da região por meio da solicitação do exame complementar: Tomografia Volumétrica de Feixe Cônico (TCFC). Após as análises dos resultados da TCFC (figura 1), notamos que a referida imagem era compatível com Defeito Ósseo de Desenvolvimento da Mandíbula; Cavidade óssea de Stafne; Cavidade Idiopática de Stafne; Cisto de Stafne; Defeito Ósseo de Stafne.

Notamos a integridade da região apical do elemento 47 e a presença de uma cavidade côncava na região da fóvea da glândula submandibular. Edward Stafne em 1942 descreveu uma sequência de 34 imagens radiográficas semelhantes. Todas estas imagens possuíam um padrão radiográfico semelhante, uma radiolucência oval ou elíptica de margens definidas similares a cistos ósseos com uma moderada corticalização. Geralmente estas supostas lesões localizavam-se em corpo e ângulo de mandíbula(1,2) . Após vários relatos de imagens radiográficas e relatos de procedimentos cirúrgicos, muitos termos surgiram para caracterizar esta cavidade. Dentre eles podemos enumerar alguns mais relevantes tais como: Cavidade óssea de Stafne; Cavidade Idiopática de Stafne; Cisto de Stafne; Defeito Ósseo de Stafne. Independente do nome,

2. como conclusão geral, os artigos acadêmicos determinaram que esta cavidade é uma alteração de desenvolvimento ocasionalmente localizada na porção lingual de corpo e angulo de mandíbula(3) . A etiologia responsável por esta cavidade é incerta, no entanto duas linhas de pensamento permanecem atuais em determinar sua origem. Inicialmente atribui-se esta cavidade como uma porção da glândula salivar aprisionada na mandíbula durante o desenvolvimento e ossificação da mandíbula, porém, este defeito ósseo é reportado de modo frequente em indivíduos com 50 e 70 anos de idade cronológica contrariando esta teoria(3) . A outra tese defendida para o desenvolvimento desta cavidade consiste na diminuição de tecido mineral com o passar da idade. A isto associa-se o aumento de glândulas salivares, principalmente a glândula submandibular. Este fato pode ocasionar uma reabsorção óssea localizada formando o Defeito Ósseo de Stafne(1) . O diagnóstico desta alteração anatômica é complexo(4).

Imagens bidimensionais tais como a radiografia periapical e panorâmica podem confundir o profissional no correto diagnóstico(5). A sobreposição de estruturas podem dificultar o diagnóstico correto e a ampla gama de possíveis alterações patológicas podem confundir o cirurgião dentista ao observar as imagens bidimensionais(6).

A tomografia computadorizada favorece o correto diagnóstico, imagens axiais e reformatações volumétricas conseguem claramente demonstrar o defeito ósseo mas, infelizmente, não relacionam este defeito a alguma anormalidade glandular indicando a estes casos o acompanhamento clínico e radiográfico(7) . Neste relato clínico, podemos observar como a tomografia computadorizada de feixe cônico pode auxiliar no diagnóstico destas cavidades. Tanto as imagens obtidas pela reformatação axial quanto as imagens obtidas pela reformatação transaxial solucionaram as dúvidas a respeito da origem da lesão, informando claramente pela corticalização da cavidade do remodelamento ósseo oriunda de processo proliferativo de tecido mole da Glândula submandibular. A ressonância magnética associada a tomografia computadorizada são métodos indicados para auxiliar este complexo diagnóstico(1,8,9).

Referências Bibliográficas   1. Herranz-Aparicio J, Figueiredo R, Gay- Escoda C. Stafne’s bone cavity: An unusual case with involvement of the buccal and lingual mandibular plates. J Clin Exp Dent. 2014 Feb;6(1):e96–9. 2. Probst FA, Probst M, Maistreli I-Z, Otto S, Troeltzsch M. Imaging characteristics of a Stafne bone cavity–panoramic radiography, computed tomography and magnetic resonance imaging. Oral Maxillofac Surg. Springer Berlin Heidelberg; 2014 Sep;18(3):351–3. 3. Schneider T, Filo K, Locher MC, Gander T, Metzler P, Grätz KW, et al. Stafne bone cavities: systematic algorithm for diagnosis derived from retrospective data over a 5-year period. Br J Oral Maxillofac Surg. 2014 Apr;52(4):369–74. 4. Kim H, Seok JY, Lee S, An J, Kim NR, Chung DH, et al. Bilateral stafne bone cavity in the anterior mandible with heterotopic salivary gland tissue: a case report. Korean J Pathol. 2014 Jun;48(3):248–9. 5. Boffano P, Gallesio C, Daniele D, Roccia F. An unusual trilobate Stafne bone cavity. Surg Radiol Anat. Springer-Verlag; 2013 May;35(4):351–3. 6. Turkoglu K, Orhan K. Stafne bone cavity in the anterior mandible. J Craniofac Surg. 2010 Nov;21(6):1769–75. 7. Ariji E, Fujiwara N, Tabata O, Nakayama E, Kanda S, Shiratsuchi Y, et al. Stafne’s bone cavity. Classification based on outline and content determined by computed tomography. Oral Surg Oral Med Oral Pathol. 1993 Sep;76(3):375–80. 8. Li B, Long X, Cheng Y, Wang S. Cone beam CT sialography of Stafne bone cavity. Dentomaxillofac Radiol. 2011 Dec;40(8):519–23. 9. Segev Y, Puterman M, Bodner L. Stafne bone cavity–magnetic resonance imaging. Med Oral Patol Oral Cir Bucal. 2006 Jul;11(4):E345–7.

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